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Sem mais,
Julia Campanucci

terça-feira, 27 de agosto de 2013

A perder de vista



Não foi um encontro qualquer, numa mesa de bar esquecida no canto do salão de festas, depois de uma ou duas bebidas. Não foi também o lugar mais romântico ou a hora mais apropriada - não foi nem meia-noite, nem meio-dia. Não foi à meia-luz ou à luz de velas. Talvez, se não me falha a memória, não foi nem em um jantar especial, decididamente orquestrado para aquela ocasião.

Não foi exatamente como descrevem os livros de amor, em que tudo combina perfeitamente bem. Havia, sim, muito frio na barriga, uma respiração completamente descontrolada e o coração parecia que ia saltar pela boca a qualquer momento; pulsava como um tambor impetuoso de uma banda marcial. Impetuoso também era o desejo indescritível de estar ali e, ao mesmo tempo e de forma contraditória, de ver todo aquele clima se desfazer logo em um abraço mais próximo.

O clima também não era lá essas coisas. Se a minha memória não estiver falhando, estava quente e frio ao mesmo tempo, mas era algo perfeitamente habitável - porque a gente nunca sabe a que limitações o corpo pode chegar quando a gente quer que ele faça alguma coisa. O fato é que lembro bem dos pelinhos do braço ficarem arrepiados quando o primeiro olhar foi lançado. E depois os olhares furtivos arrancados ao longo de uma, duas ou três palavras... Frases, gestos, sorrisos.

E aquele clima se repetindo, indo e vindo naquela vontade sem medida de tocar, conhecer melhor e entregar-se num desbravador beijo, dominante e dominado ao mesmo tempo; tão bem ensaiado, mas cheio daquelas falhas que a gente sabe: só servem para deixar aquilo tudo muito mais emocionante.

Então foram-se as mãos unindo-se, fechando-se como em um casulo seguro e quentinho; e porque não dizer, suado também?

Foram-se os dedos se encontrando no momento ideal.
Foram dois mundos colidindo numa canção que só nós poderíamos ouvir, e que todos os outros universos particulares pararam para assistir...

O momento em que o tempo parou e pediu para ser plateia em vez de protagonista.

Não, ainda não foi daquela vez. E se não me falha a memória, não foi só aquela vez. São todas as vezes quando vejo meu amor renascer; são todas as vezes que reencontro exatamente aquele primeiro olhar quando deito em minha cama; aquela pessoa está lá ao meu lado porque não foi simplesmente "amor à primeira vista..."

Foi um amor para a vida toda, a perder de vista.


Desconheço o autor

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